Neste artigo, você vai saber o que é o paradoxo. Além disso, vai descobrir qual é a sua importância para a literatura. Também vai poder ler alguns exemplos para entender ainda mais sobre esse assunto. E você que gosta dos conteúdos do site Literatura!, conheça também os livros de seu autor. É só clicar aqui.
O que é o paradoxo?
O paradoxo (também chamado de “oximoro”) é uma figura de linguagem marcada pela contradição. Assim, se, em um mesmo enunciado, há duas palavras ou expressões que se contradizem, temos um paradoxo. Para você entender melhor, vejamos esta frase:
Aquele doce amargor da minha alma se devia ao seu olhar.
Observe que há contradição entre as palavras “doce” e “amargor”. Afinal, como é que um amargor pode ser doce? Em um sentido denotativo, isso seria impossível. Mas estamos falando de um sentido figurado.
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A importância do paradoxo para a literatura
O paradoxo é frequentemente usado em textos literários, principalmente na poesia. Particularmente nos textos barrocos, essa figura de linguagem é bastante utilizada, como podemos ver neste poema de Gregório de Matos:
Ardor em coração firme nascido; Pranto por belos olhos derramado; Incêndio em mares de água disfarçado; Rio de neve em fogo convertido: Tu, que em um peito abrasas escondido; Tu, que em um rosto corres desatado; Quando fogo, em cristais aprisionado; Quando cristal em chamas derretido. Se és fogo como passas brandamente? Se és neve, como queimas com porfia? Mas ai, que andou Amor em ti prudente! Pois para temperar a tirania, Como quis que aqui fosse a neve ardente, Permitiu parecesse a chama fria.
Nesse soneto barroco, percebemos os seguintes paradoxos ou contradições:
- neve ardente;
- chama fria.
Mas o paradoxo ou oximoro também é utilizado em poemas do Classicismo, como é possível verificar neste soneto de Camões:
Amor é um fogo que arde sem se ver, é ferida que dói, e não se sente; é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer. É um não querer mais que bem querer; é um andar solitário entre a gente; é nunca contentar-se de contente; é um cuidar que ganha em se perder. É querer estar preso por vontade; é servir a quem vence, o vencedor; é ter com quem nos mata, lealdade. Mas como causar pode seu favor nos corações humanos amizade, se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Nessa obra, é contraditório dizer que a ferida dói, mas a dor não é sentida; que o contentamento é descontente e que a dor não dói.
Você percebeu que o paradoxo é muito importante na literatura, não é mesmo? Então, que tal ler uma obra literária? É só comprar o livro Punhétricas e ver se ele tem algum paradoxo.
Leia também este livro: Pérolas aos porcos.
Referências
ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2015.
CAMÕES, Luís de. Sonetos. Acesso em: 08 jan. 2024.
MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos. Seleção de José Miguel Wisnik. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
Este artigo foi escrito por: Warley Matias de Souza.