Marcel Proust (sentado), além de Robert de Flers e Lucien Daudet, em 1894, aproximadamente.
Marcel Proust (sentado), além de Robert de Flers e Lucien Daudet, em 1894, aproximadamente.

Neste artigo, você vai saber o que a homossexualidade de Marcel Proust tem a ver com literatura. Além disso, vai conhecer um pouco sobre a vida desse escritor e saber qual é sua obra-prima. E você que gosta dos conteúdos do site Literatura!, conheça também os livros de seu autor. É só clicar aqui.

Quem é Marcel Proust?

Marcel Proust é um autor modernista. Um dos mais famosos escritores da França. E um escritor homossexual (no início do século XX, o termo “gay” ainda não era usado como hoje). Ele nasceu em Paris, no dia 10 de julho de 1871, em “berço de ouro”. Sim, o rapaz fazia parte de uma família rica, de origem judaica.

Durante toda a vida, teve que lutar contra a asma. A saúde frágil, no entanto, não impediu que Proust estudasse filosofia, além de obter licenciatura em Letras, na Universidade Sorbonne. O autor morreu em 18 de novembro de 1922, na cidade de Paris. Mas teve tempo de terminar a grande obra da literatura universal chamada Em busca do tempo perdido.

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O que a homossexualidade de Marcel Proust tem a ver com literatura?

A homossexualidade está presente em duas obras de Proust, escritas no início de sua carreira de escritor:

  • Os prazeres e os dias (1896).
  • O misterioso correspondente e outros contos inéditos (2019).

Esse livro de contos foi publicado só recentemente e contém textos de um Proust literariamente imaturo, já que ainda não tinha alcançado a maestria observada em sua obra-prima. A homossexualidade também é discutida em um dos volumes de Em busca do tempo perdido. Estamos falando do romance Sodoma e Gomorra, de 1923.

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A questão é, se Proust não fosse homossexual, essas obras tratariam do tema da homossexualidade? Provavelmente, não. E se tratassem, teriam legitimidade? A resposta também é não. Por mais bem-intencionada que uma pessoa heterossexual seja, ela jamais saberá o que é a homossexualidade.

Por isso, falamos de legitimidade, pois Proust discutiu um tema que ele conhecia, não de ouvir falar, mas porque vivenciava a sua homossexualidade em seu dia a dia. Porém, um autor homossexual não é obrigado a falar sobre homossexualidade. Não, não é. Então, a sua homossexualidade não importa, correto? Errado.

Aqui estamos extrapolando o terreno da literatura e caminhando para a política, se é que essas duas coisas podem ser dissociadas. Quando se esconde a negritude de Machado de Assis, por exemplo, e a homossexualidade de Proust, o objetivo é ocultar o fato de que pessoas negras e/ ou homossexuais podem ser geniais. Isso é, claramente, um preconceito.

Nesse sentido, a literatura pode ser usada como instrumento político tanto para ocultar as qualidades de integrantes de determinado grupo minoritário quanto para enaltecer tal grupo. Então, no final das contas, a homossexualidade de Proust tem tudo a ver com literatura.

Afinal, ele era um escritor, um gênio da literatura mundial, e, além disso, também era homossexual. Proust era um escritor homossexual. Isso tem que ser dito, não pode ser ocultado. Quem oculta tal fato, tem segundas e más intenções, pois pretende afastar a homossexualidade da genialidade, da inteligência e da sensibilidade, como se só heterossexuais pudessem possuir tais qualidades.

Qual é a obra-prima de Marcel Proust?

A obra-prima de Marcel Proust é Em busca do tempo perdido. Uma obra extensa, pois o autor é conhecido por sua prolixidade. Ela apresenta traços autobiográficos e é dividida em sete volumes:

  • No caminho de Swann;
  • À sombra das moças em flor;
  • O caminho de Guermantes;
  • Sodoma e Gomorra;
  • A prisioneira;
  • A fugitiva;
  • O tempo redescoberto.

    Agora que você já entendeu a relação entre a homossexualidade de Proust e a literatura, que tal ler um livro? Você pode embarcar na longa e complexa viagem que é Em busca do tempo perdido. Mas, se preferir uma obra menos extensa, e com temática homoerótica, eu te indico o livro Ele & eles.

    Leia também este livro: Tia Vilma.

    Referências

    BASSETS, Marc. Proust sai do armário com oito contos inéditos. El País, 05 out. 2019.

    PONDÉ, Adriano. A doença e os últimos dias de Marcel Proust. Universitas, n. 21, p. 69-93, 1978.

    PY, Fernando. Prefácio. In: PROUST, Marcel. Em busca do tempo perdido. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016.

    Este artigo foi escrito por: Warley Matias de Souza.