Neste artigo, você vai saber como era a literatura na Antiguidade clássica. Assim, vai descobrir quais são as principais obras desse período e suas características. E você que gosta dos conteúdos do site Literatura!, conheça também os livros de seu autor. É só clicar aqui.
O que é a Antiguidade clássica?
A Antiguidade clássica é um período histórico compreendido entre os séculos VIII a. C. e o século V d. C. Durante esse período, esteve em evidência a cultura da Grécia e de Roma. Portanto, a cultura greco-latina, que influenciou outros povos.
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Características da literatura da Antiguidade clássica
Na cultura greco-latina, o prazer e a beleza eram valorizados. A arte e a literatura buscavam o equilíbrio, a harmonia. A perspectiva era antropocêntrica, já que a razão era enaltecida. A bucólica poesia lírica tinha grande importância, mas também o poema épico, de cunho heroico, tradicional e nacionalista, já que engrandecia os feitos de um povo. O teatro tinha grande valor, principalmente na Grécia antiga.
Sobre o gênero dramático, Aristóteles defende que a tragédia retrata seres superiores ou ações elevadas, e a comédia, seres inferiores. O teatro grego tinha forte cunho pedagógico, pois procurava educar o povo segundo as leis dos homens e dos deuses. O teatro apresentava cunho popular. A temática das peças trazia figuras míticas (ou religiosas), como deuses e semideuses.
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Mas também trazia elementos do cotidiano do povo da época. As peças apresentavam exemplos educativos para mostrar ao cidadão como se comportar segundo as normas da época. Assim, enalteciam e fortaleciam a cultura de seu povo. O teatro tinha, portanto, um caráter funcional, já que servia para transmitir uma mensagem educativa.
Em sua origem, a literatura da Antiguidade clássica estava associada à oralidade. Assim, as histórias dos heróis e mitos gregos eram contadas pelos aedos ou rapsodos. A poesia era cantada. Daí o termo “gênero lírico”, já que se usava a lira como instrumento musical.
Quais são as principais obras da literatura da Antiguidade clássica?
- Édipo rei, de Sófocles — tragédia grega.
- Antígona, de Sófocles — tragédia grega.
- Édipo em Colono, de Sófocles — tragédia grega.
- Os sete contra Tebas, de Ésquilo — tragédia grega.
- As fenícias, de Eurípides — tragédia grega.
- Medeia, de Eurípides — tragédia grega.
- Prometeu acorrentado, de Ésquilo — tragédia grega.
- A arte poética, de Aristóteles — texto teórico.
- A República, de Platão — narrativa.
- Fedro, de Platão — narrativa.
- O banquete, de Platão — narrativa.
- Poesias líricas de Safo.
- Ilíada, de Homero — poema épico.
- Odisseia, de Homero — poema épico.
- Odes, de Horácio — poesia lírica.
- Eneida, de Virgílio — poema épico.
- Satíricon, de Petrônio — narrativa.
- Fedra, de Sêneca — tragédia romana.
Um fragmento da poesia de Safo
A poetisa Safo de Lesbos viveu na Grécia antiga entre 630 e 580 a. C. Escreveu poemas líricos e é a única mulher desse período cuja obra, ou parte dela, sobreviveu até os nossos dias. Pouco se sabe sobre sua vida, de forma que há várias especulações a respeito. A poesia de Safo traz um conteúdo erótico e homoerótico, ou seja, fala do desejo entre mulheres.
Por isso, durante a Idade Média, houve uma rejeição, por parte de membros eclesiásticos, à sua obra, de forma que algo dela se perdeu. Porém, em seu tempo, a poetisa foi bastante respeitada. A palavra “lésbica” está relacionada com a ilha de Lesbos, onde vivia Safo. Como ela cantou o amor entre mulheres, a ilha acabou sendo símbolo desse tipo de afeto.
Leia, a seguir, um fragmento da poesia de Safo, na tradução de Carlos Leonardo Bonturim Antunes:
Uns dirão que é a hoste de cavaleiros;
Outros, que é armada que sobre a terra
Negra é o que é mais belo, mas eu direi:
É aquilo que se ama.
Isso é algo que se convém a todos
Com facilidade, porque a mais bela
Dos mortais, Helena, deixou pra trás
O seu marido,
Nobilíssimo, e navegou pra Troia
Sem pensar no filho ou nos pais queridos.
Esquecida de tudo o mais, o amor
A carregou
Delicadamente por sobre o mar,
Para muito longe de quem a amava.
E sua história agora me evoca ausência
De Anactória.
Muito preferia mirar seus passos,
Contemplar o brilho de seu semblante,
Do que ver fileiras de carros Lídios
E seus guerreiros.
Então, que tal ler uma obra contemporânea? Desta vez, vou te indicar o livro IN: ano 4000. Espero que tenha uma boa leitura!
Leia também este livro: Antes do ponto final.
Referências
ANJOS, Sara Camila Barbosa dos; SILVA, Rafael Guimarães Tavares da. Violência, silêncio e revolta velada nas leituras de Safo (fr. 31 Voigt). Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 29, n. 3, set./ dez. 2021.
ANTUNES, Carlos Leonardo Bonturim. Nove poemas de Safo. HYPNOS, São Paulo, v. 33, p. 336-342, 2014.
ARISTÓTELES; HORÁCIO; LONGINO. A poética clássica. Tradução de Jaime Bruna. 7. ed. São Paulo: Cultrix, 1997.
BAPTISTA, Lyvia Vasconcelos. Procópio e a reapropriação do modelo tucidideano: a representação da peste na narrativa histórica (VI século d. C.). 2008. Dissertação (Mestrado em História) – Faculdade de História, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2008.
BARACAT JR., José C.; SILVA, Maria Aparecida de Oliveira (orgs.). A escrita grega no império romano: recepção e transmissão. Porto Alegre: UFRGS, 2020.
CODEÇO, Vanessa Ferreira de Sá. Teatro grego antigo: um território instrutivo. Hélade, Niterói, v. 1, n. 1, p. 93-99, jul. 2015.
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SANTOS, Adilson dos. A tragédia grega: um estudo teórico. Investigações, Recife, v. 18, n. 1, p. 41-67, jan. 2005.
YEE, Raquel da Silva. Literatura ocidental I. Indaial: UNIASSELVI, 2019.
Este artigo foi escrito por: Warley Matias de Souza.