O Parnasianismo de Olavo Bilac, o Príncipe dos Poetas

O aspecto decorativo da Art Nouveau, como é possível verificar na obra de Alphonse Mucha, tem muito a ver com a ornamentação parnasiana.
O aspecto decorativo da Art Nouveau, como é possível verificar na obra de Alphonse Mucha, tem muito a ver com a ornamentação parnasiana.

Neste artigo, você vai conhecer o Parnasianismo de Olavo Bilac e saber um pouco sobre a vida desse escritor. Além disso, vai descobrir onde surgiu o estilo de época Parnasianismo e quais são as suas principais características. Também vai conhecer os nomes de outros escritores parnasianos da literatura brasileira. E você que gosta dos conteúdos do site Literatura!, conheça também os livros de seu autor. É só clicar aqui.

Onde surgiu e quais são as características do Parnasianismo?

O Parnasianismo é um estilo de época surgido na Europa, na segunda metade do século XIX. Ele é uma vertente do Realismo e está restrito ao gênero lírico. Assim como a prosa realista, faz oposição ao exagero sentimental do Romantismo.

Outras características do Parnasianismo são:

  • linguagem objetiva, destituída de emoção;
  • rigor na metrificação dos versos;
  • busca da rima perfeita;
  • valorização da beleza e da harmonia;
  • crença na arte pela arte;
  • culto à tradição greco-latina;
  • aspecto descritivo;
  • distanciamento do eu poético;
  • uso repetitivo da conjunção “e”;
  • ausência de temática social.

Leia também: O Realismo de Machado de Assis, o maior escritor brasileiro.

Quais são as características do Parnasianismo de Olavo Bilac?

Olavo Bilac.

Você sabia que Olavo Bilac é o mais famoso poeta do Parnasianismo brasileiro? Pois é, esse escritor é um tanto controverso. Afinal, no final de sua vida, ele mostrava um conservadorismo patriótico ao defender o serviço militar obrigatório. A rigidez parnasiana também lhe deu certa imagem conservadora.

Mas tal imagem vai por terra quando pensamos que Bilac era republicano e foi contrário ao ditador Floriano Peixoto. Além disso, era um boêmio e dizem até que era homossexual, apesar de até hoje não haver comprovação do fato, a não ser comentários como os do ator e escritor Paschoal Carlos Magno, que teria afirmado que Bilac era “o maior pederasta do Brasil”.

No mais, a vida amorosa do escritor acabou sendo idealizada por leitoras e leitores, que explicam a solteirice de Bilac como resultado da desilusão amorosa que ele teve com a irmã de outro poeta. A família do poeta Alberto de Oliveira, amigo de Bilac, não permitiu o casamento entre Amélia de Oliveira e o Príncipe dos Poetas.

Olavo Bilac nasceu em 16 de dezembro de 1865, no Rio de Janeiro. Mais tarde, escreveu para diversos periódicos e publicou, em 1888, seu primeiro livro: Poesias. Ele também foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. E faleceu em 28 de dezembro de 1918, no Rio de Janeiro.

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A principal característica parnasiana de Olavo Bilac é o rigor formal de seus poemas, que respeitam as regras de metrificação. No entanto, o poeta, em muitos poemas, abriu mão da frieza parnasiana e deixou transparecer a emoção e a subjetividade. Provavelmente, se deve a isso o seu sucesso, já que leitoras e leitores da época ainda eram simpatizantes do Romantismo.

É do livro Poesias o soneto “Messalina”, escrito em versos decassílabos, com esquema de rimas: ABBA, ABBA, CDC, DCD. Nele, o eu lírico se mostra e, por conseguinte, a sua subjetividade. Ao ver sua interlocutora, ele se lembra da Roma antiga, assim descrita:

Recordo, ao ver-te, as épocas sombrias
Do passado. Minh’alma se transporta
À Roma antiga, e da cidade morta
Dos Césares reanima as cinzas frias;

Triclínios e vivendas luzidias
Percorre; para de Suburra à porta,
E o confuso clamor escuta, absorta,
Das desvairadas e febris orgias.

Aí, num trono ereto sobre a ruína
De um povo inteiro, tendo à fronte impura
O diadema imperial de Messalina,

Vejo-te bela, estátua da loucura!
Erguendo no ar a mão nervosa e fina,
Tinta de sangue, que um punhal segura.

Outros escritores parnasianos da literatura brasileira

  • Alberto de Oliveira.
  • Francisca Júlia.
  • Raimundo Correia.
  • Vicente de Carvalho.

Principais autores do Parnasianismo europeu

  • Cesário Verde — português.
  • Leconte de Lisle — francês.

Então, que tal ler uma obra poética contemporânea? Desta vez, vou te indicar o livro Punhétricas. Será que ele possui algum rigor formal?

Leia também este livro: Tia Vilma.

Referências

ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2015.

ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. Olavo Bilac. Acesso em: 11 jul. 2022.

BILAC, Olavo. Poesias: edição definitiva. Rio de Janeiro/ Paris: H. Garnier, 1902.

MENDES, Leonardo. Vida literária e homoerotismo no Rio de Janeiro de 1890. Via Atlântica, São Paulo, n. 24, p. 133-148, 2013.

Este artigo foi escrito por: Warley Matias de Souza.