O Pós-modernismo como estilo de época

Clarice Lispector é um dos principais nomes do Pós-modernismo brasileiro.
Clarice Lispector é um dos principais nomes do Pós-modernismo brasileiro.*

Neste artigo, vamos refletir sobre o Pós-modernismo como estilo de época. Assim, vamos apontar as características literárias desse movimento. E você que gosta dos conteúdos do site Literatura!, conheça também os livros de seu autor. É só clicar aqui.

Pós-modernismo ou terceira fase do Modernismo brasileiro?

Na literatura, o Pós-modernismo brasileiro é composto pelo(a):

  • Geração de 1945;
  • Concretismo;
  • prosa pós-moderna.

Alguns estudiosos, no entanto, preferem entender esse período como sendo a terceira fase do Modernismo brasileiro. De qualquer forma, essa ou aquela nomenclatura não altera as características presentes nas obras dos autores e das autoras desse período literário.

Leia também: Quais são as fases do Modernismo brasileiro?

Geração de 1945

Os principais poetas da Geração de 1945 são:

  • Ferreira Gullar;
  • João Cabral de Melo Neto.

As poesias dessa geração apresentam rigor formal, ou seja, os poetas se preocupam com a estrutura do poema. A distribuição dos versos na página, portanto, é bem planejada e racional. A palavra é valorizada em seu aspecto plurissignificativo (conotativo). No mais, a temática é social e política. Temos, assim, uma poesia engajada.

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O poema “Meu povo, meu abismo”, de Ferreira Gullar, é um exemplo de poema da Geração de 1945:

Meu povo é meu abismo.
Nele me perco:
a sua tanta dor me deixa
surdo e cego.

Meu povo é meu castigo
meu flagelo:
seu desamparo,
meu erro.

Meu povo é meu destino
meu futuro:
se ele não vira em mim
veneno ou canto —
                 apenas morro.

Concretismo

Os três principais autores do Concretismo são:

A poesia concreta é marcada pela experimentação. Seus autores se preocupam com a estrutura poética, com a distribuição das palavras na folha de papel. É uma poesia verbivocovisual, isto é, trabalha os aspectos semânticos, sonoros e visuais. Assim, é uma poesia imagética, que alia sonoridade e significado. É, sobretudo, antilírica.

Um exemplo é o famoso poema concreto Luxo, de Augusto de Campos. Nele, a palavra LUXO é ressignificada ao constituir a palavra LIXO. O autor trabalha com o espaço da folha e explora a sonoridade das parônimas “lixo” e “luxo”. A imagem gerada é uma palavra composta pelo acúmulo da palavra “luxo”:

A prosa pós-moderna

Os principais nomes da prosa pós-moderna são:

  • Clarice Lispector;
  • João Guimarães Rosa.

A prosa escrita entre 1945 e 1978 apresenta características como:

  • experimentação linguística;
  • metalinguagem;
  • estrutura narrativa não convencional;
  • reflexão existencial;
  • caráter universal;
  • monólogo interior.

As duas principais obras com tais características são:

  • Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa;
  • A hora da estrela, de Clarice Lispector.

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Referências

ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2015.

CAMPOS, Augusto de. Luxo. In: CAMPOS, Augusto de. Viva vaia. 5. ed. Cotia: Ateliê Editorial, 2014.

FERREIRA GULLAR. Meu povo, meu abismo. In: FERREIRA GULLAR. Barulhos. Rio de Janeiro: José Olympio, 1987.

* Maureen Bisilliat, licença creative commons.

Este artigo foi escrito por: Warley Matias de Souza.